Rugoscopia palatina (portugues)

Publicado en Odontología Forense

RUGOSCOPIA PALATINA

 

Profª Lic. Maria de Lourdes Borborema Campos

 

A mucosa oral, para facilitar as suas próprias funções, apresenta-se essencialmente lisa. Há, contudo, algumas exceções. Por exemplo, uma delas é a superfície dorsal da língua, onde aparecem as papilas delomorfas (filiformes, fungiformes, valadas).

Outra exceção, diferente de quaisquer outras partes, porquanto fixa, é a mucosa do terço anterior do palato que se apresenta corrugada por um verdadeiro sistema de pregas ou de rugas, fortemente aderentes ao plano ósseo subjacente. De fato, estas pregas são originárias do tecido conjuntivo denso da submucosa, fortemente fibroso, que reveste o osso, confundindo-se com o periósteo, sendo certo que esta pregas conjuntivas, são apenas recobertas pelo epitélio estratificado.

A sistematização do estudo de referidas pregas, com a finalidade de constituir-se em elementos capazes de contribuir com o processo de identificação, é a palatoscopia ou rugoscopia palatina.

Resulta de interesse que este procedimento de identificação - a rugoscopia -, tanto pode aplicar-se no cadáver recente, como no indivíduo vivo.

Os relevos que o palato apresenta, constituem-se em um conjunto de cristas lineares - as rugosidades palatinas - dispostas de forma semelhante às nervuras de uma folha vegetal. Estes relevos ou cristas aparecem no 3º mês do período embrionário, permanecendo invariáveis durante a vida toda do indivíduo e, inclusive, persistindo vários dias após a morte.

Este conjunto de cristas, na espécie humana é assimétrico, isto é, não é simétrico, no que se diferencia de outras espécie de mamíferos, em que é simétrico.

A rugoscopia palatina foi proposta pelo pesquisador espanhol TROBO HERMOSA (1932), tendo sido, ao depois, alvo de estudos profundos por parte do pesquisador argentino UBALDO CARREA (1937), que estabeleceu os critérios da "rugoestenografia palatal".

Em todos os casos, sempre há um sulco central, ântero-posterior, estreito, acompanhado a cada lado por uma crista suave: é o rafe mediano ou rafe palatino. Originando-se nas laterais de citado rafe, observa-se uma série de cristas transversais, mais ou menos perpendiculares ou oblíquas em relação ao primeiro, que se direcionam lateralmente, tornando-se evanescentes ou desaparecendo à medida que a concavidade da abóbada palatina alcança a região alveolar ipsilateral.

CARREA na sua sistematização das rugosidades palatinas, considerou quatro categorias diferentes, a saber:

  • Tipo I - com rugas direcionadas medialmente (dos lados para o centro) e discretamente de trás para frente (covergindo no rafe palatino);
  • Tipo II - com rugas direcionadas perpendicularmente à linha mediana;
  • Tipo III - com rugas direcionadas medialmente (dos lados para o centro) e discretamente da frente para trás (covergindo no rafe palatino);
  • Tipo IV - com rugas direcionadas em sentidos variados.

As quatro disposições fundamentais das rugas palatinas, conforme CARREA (apud de Briñon E. N. "Odontología Legal y Práctica Forense", Buenos Aires : Purizon, 1983, modificado)

BRIÑON (1983), continuando os trabalhos de CARREA, foi um pouco além na sistematização das rugosidades, dividindo-as, à semelhança do que se faz com os impressões digitais, em fundamentais e características.

Todavia, pela sua coerência a classificação prática proposta por Martins dos Santos (1946), facilita, com muito, a caracterização individual rugoscópica de um indivíduo, ao dividir as rugas palatinas, conforme a sua localização, em:

  • Inicial, correspondente à ruga palatina mais anterior, à direita, sendo sempre representada por uma letra maiúscula;
  • Complementar, corresponde às demais rugas, à direita, sendo certo que cada papila é assinalada por um número, conforme a tabela abaixo;
  • Subinicial, correspondente à ruga palatina mais anterior, à esquerda sendo representada, também por uma letra de forma maiúscula;
  • Subcomplementar, corresponde às demais rugas, à esquerda, em seqüência à subinicial, sendo cada papila assinalada por um número.

 

Assim, as configurações das cristas que aparecem no palato, para fins de classificação, se dividem em dez formas fundamentais que se designam pelas letras iniciais das figuras (P, R, C, A, Cf, S, B, T, Q, An) quando se encontram na primeira posição, e por números (de 0 a 9), quando se encontram em qualquer outra posição:

 

 

Figura

Na posição mais anterior

Em outras posições

Ponto

P

0

Reta

R

1

Curva

C

2

Ângulo

A

3

Curva fechada

Cf

4

Sinuosa

S

5

Bifurcada

B

6

Trifurcada

T

7

Quebrada

Q

8

Anômala

Na

9

Como elementos identificatórios, as cristas palatinas preenchem características que permitem utilizá-los para tanto, como:

  1. Unicidade: apenas um único indivíduo pode tê-los.
  2. Imutabilidade: não mudam nunca de forma, nem mesmo após a morte.
  3. Individualidade: são absolutamente diferentes de uma pessoa para outra.
  4. Classificabilidade: possibilidade de classificá-los para facilitar sua localização racional em arquivos.
  5. Praticabilidade: utilização facilitada pelo baixo custo, facilidade de coleta etc.

 

A colheita das amostras tanto pode ser feita através de moldagem de precisão, com alginato ou com silicone, ou por fotografia do palato com o auxílio de um espelho. Os resultados obtidos se constituiriam nos palatogramas (CARREA, 1937).

De modo a possibilitar um cotejo entre o material de arquivos e o material do identificando, bastaria que se procedesse ao confronto das fotografias do material problema com os palatogramas conservados, sistematicamente, nos arquivos de identificação.

Uma prova da viabilidade deste procedimento de identificação é que o Ministério de Aeronáutica exige a identificação da rugoscopia palatina dos pilotos, como forma de facilitar a sua identificação em casos de acidentes aéreos.

 

Fuente:

http://www.pericias-forenses.com.br/irugosodo.htm

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